sábado, 15 de novembro de 2008

(...)

Aos sábados costumo ir de transporte coletivo para a aula. Na faculdade onde estudo não tem estacionamento privativo. A parada de ônibus fica a duas quadras de minha casa, o percurso não é longo, mas sempre muito cansativo. Quando no final da tarde desço no ponto e caminho até minha casa fico observando as diversidades das pessoas nas ruas, nas mesas dos bares da vizinhança e, principalmente, aquelas que ficam sentadas na porta de suas residências. O hábito antigo, característico de cidades interioranas, ainda é muito comum em bairros periféricos e me chama a atenção. Mas essa semana em especial aconteceu o inusitado, durante meu trajeto. Quando virei a esquina da quadra onde fica meu “lar doce lar” ouvi um cachorro grande e de pelos negros, latindo choroso. Ele estava correndo em círculos como se fizesse a guarda de algo muito importante. A cena me deixou intrigada. A curiosidade está no meu sangue, por isso, resolvi verificar o que estava acontecendo. Quando me aproximei, já pisando na terra e no mato que reinavam sobre a calçada, vi que tinha um outro cachorro, este de pelos castanhos, deitado naquele local. Ele parecia morto. Estava estático. Tentei fazê-lo levantar, mas nada aconteceu. Fiquei muito comovida com a cena. Os dois cachorros deveriam ser amigos. Digo isso porque acredito piamente no amor entre os animais, discordando de todos que afirmam ser só instinto. Quando tentei tocar no apagado castanho para ver se ainda estava vivo, fui avançada pelo sentinela de pelos negros. Tive que me afastar do local. Continuei andando até minha casa. No outro dia quando acordei fui até o local para ver se o castanho ainda estava lá. O reencontro foi triste. Ele estava realmente morto e só. Depois do acontecido dormi e acordei durante sete noites. Pensei várias vezes no acontecido e cheguei à conclusão de que a amizade é o sentimento mais puro que existe. E provavelmente foi esse sentimento maravilhoso que motivou a vigília do animal para com o amigo (...)

Um comentário:

Lidiani Feliciano disse...

Muito bunitinhooo vc escrever sobre amizade usando um exemplo tão singelo. Neste "mundo" em que estamos, amizades sinceras e duradouras são "pedras raras". Este comentário é também uma oportunidade para agradecer por sua amizade! Bjim! Ti goxto muito, viu?!